‘Ciro devia se preocupar com sua saúde mental’, diz Doria
Ciro Gomes (PDT-CE) “devia se preocupar é com o estado dele, primeiro o pessoal, de saúde mental, depois o Ceará, que é o Estado que ele representa”, disse nesta segunda-feira (27) o prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB).
O prefeito tucano rebatia críticas feitas pelo pedetista a ele, em entrevista publicada pela Folha no mesmo dia.
Para Ciro, o “farsante” Doria força uma imagem errada de “antipolítico”, já que, ao chefiar a Embratur no governo Sarney, “saiu debaixo de muitas irregularidades no Tribunal de Contas da União e foi violentamente criticado por uma propaganda do turismo brasileiro com bundas de mulher na praia, estimulando claramente o turismo sexual”.
Doria evocou um episódio visto como machista da campanha presidencial de Ciro em 2002 –quando Ciro disse que sua então esposa, a atriz Patricia Pillar, tinha um dos papéis mais importantes na disputa: “Dormir comigo”.
“O ex-governador [do Ceará] não é exatamente a pessoa mais indicada para falar das questões das mulheres, né? Ele tratou a esposa como tratou, não é exatamente uma pessoa que tem perfil e autoridade pra falar sobre isso.”
“E os temas da Embratur são temas do passado, não houve esse tipo de situação”, afirmou na sequência.
O prefeito também comentou outra acusação –a de que teria reforçado sua fortuna “com dinheiro público do PSDB de Minas e SP”.
Ciro não especificou a origem da suposta verba, mas reportagem da Folha de 2015 mostrou que o governo Geraldo Alckmin (PSDB-SP) pagou R$ 1,5 milhão ao então pré-candidato a prefeito, por anúncios veiculados em sete revistas da Doria Editora, entre elas a “Caviar Lifestyle”.
Doria negou que sua fortuna tenha sido construída com ajuda do partido. “Se tivesse tido algum problema, não seria depois de nove meses de intensa campanha que isso teria surgido. Então não procede.”
E emendou: “Lamento também que o ex-ministro Ciro Gomes, com seu habitual destempero e seu tradicional desequilíbrio, queira fazer colocações desse tipo”.
O prefeito concluiu assim sua passagem pelo Theatro Municipal paulistano, onde na noite desta segunda lançou o programa Nossa Creche, com representantes de bancos, além do ministro da Educação e dos secretários municipal e estadual da pasta.
Na plateia, as “queridas” Adriane Galisteu e Fafá de Belém. O evento foi encerrado com Fafá no palco, de mãos dadas com Doria e os convidados oficiais.
A cantora celebrou o “sucesso que Joãozinho tá fazendo”, cantou o “Hino Nacional” e terminou sua participação com um “viva Joãozinho”. O “Tema da Vitória”, um clássico nos tempos de campanha, finalizou a noite.
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Em depoimentos, relator indica argumentos para cassar Temer
Perguntas feitas pelo ministro Herman Benjamin, do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), a delatores da Odebrecht indicam ao menos três pontos que devem ser utilizados para embasar sua posição no processo que pode cassar a chapa de Dilma Rousseff e Michel Temer em 2014.
Relator da ação, ele insistiu em questionamentos sobre esses temas e chegou a indicar, ainda que discretamente, seu posicionamento durante as oitivas. A expectativa, segundo a Folha apurou, é que ele peça a cassação da chapa. O ministro não se manifesta sobre o voto, em razão de sigilo.
O primeiro ponto abordado com insistência por ele trata do uso de R$ 50 milhões em propina na campanha, fruto, segundo os delatores, de contrapartida pela aprovação da medida provisória 470, apelidada de Refis da Crise, em 2009.
O dinheiro, de acordo com a delação, acabou não sendo utilizado na campanha de 2010, ficando como “crédito” para as eleições de 2014.
O segundo tema é o pagamento de R$ 25 milhões, via caixa 2, para “comprar” (termo usado nos relatos) o apoio de partidos à chapa Dilma-Temer e aumentar o espaço de propaganda na televisão.
O terceiro assunto perseguido pelo relator nos depoimentos diz respeito a gastos não declarados de ao menos R$ 16 milhões com o marqueteiro João Santana, que trabalhou na campanha.
Os depoentes que mais trataram dos temas foram Marcelo Odebrecht, ex-presidente e herdeiro do grupo, Alexandrino Alencar, ex-diretor de Relações Institucionais, Hilberto Mascarenhas, ex-diretor do departamento de operações estruturadas da empresa, conhecido como o setor de propinas, e Fernando Migliaccio, ex-funcionário da mesma área.
Para entender o processo de aprovação da MP 470, Benjamin fez ao menos 25 perguntas somente a Marcelo Odebrecht.
No diálogo, o ministro questiona: “Os R$ 50 milhões não saíram em 2010?”. O executivo responde que não e é novamente acionado: “Ficou o crédito?”. Em seguida, o relator faz perguntas sobre de que forma o governo teria dado contrapartida ao grupo.
O ministro do TSE deixa claro que, além de querer saber se o dinheiro foi ou não utilizado em 2014, também quer esclarecer se trata-se de caixa 2 “puro”, uma doação não contabilizada, ou se foi um ato de corrupção, quando envolve promessa ou ato em troca de uma vantagem indevida.
Durante as audiências,o ministro expôs seu entendimento sobre a diferença.
“Porque tecnicamente, só para orientar o depoimento, eu nem sei se o senhor terá informações sobre isso, caixa 2 não está necessariamente vinculada à propina no sentido de: olha, eu vou lhe dar um benefício que não é muito lícito, mas, em contrapartida, eu espero uma contribuição. Isso é propina”, disse o relator.
COMPRA DE ALIADOS
Sobre a compra de partidos para que a coligação tivesse mais tempo na televisão, Benjamin indagou ao menos 29 vezes Alexandrino Alencar, o responsável pela negociação de R$ 21 milhões com três siglas (PC do B, Pros e PR) em menos de uma hora de oitiva. Esse foi basicamente o único tema explorado com o ex-executivo. Além desses partidos, o PDT, segundo a Odebrecht, recebeu R$ 4 milhões pelo mesmo esquema.
“Em outras palavras, segundo o que o senhor disse, só com a compra de tempo de três partidos e, portanto, de caixa 2, esse valor já superava a contribuição oficial? Não é isso?”, disse Benjamin.
Os partidos negam a acusação e afirmam que apoiaram a chapa Dilma-Temer por questões ideológicas.
Os três pontos destacados dizem respeito apenas aos depoimentos de delatores da Odebrecht – os últimos a serem chamados. A Folha teve acesso às transcrições na última semana.
O processo, porém, começou em 2014, logo depois da eleição. Cerca de 50 pessoas foram ouvidas ao longo desses dois anos. Nesta segunda (24), ele entregou o relatório final do caso ao tribunal, abrindo caminho para o início do julgamento da ação.
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