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sexta-feira, 11 de novembro de 2016

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Há 46 anos, professora prepara alunos para o vestibular: "Amo o que faço"



  • Professora Vera Antunes, coordenadora do Curso e Colégio Objetivo
    Professora Vera Antunes, coordenadora do Curso e Colégio Objetivo
Na maior cidade do país, uma professora tem quase status de celebridade, não pelas aparições na televisão (que ficam mais frequentes nesta época do ano), mas pelos seus 46 anos dedicados a turmas de ensino médio e de cursinho pré-vestibular.
Vera Lucia da Costa Antunes, professora e coordenadora do Curso e Colégio Objetivo, não caminha pela praia nem vai buscar a neta na escola sem reconhecida por um ex-aluno. "Muitos hoje são juízes, médicos, jornalistas, tem o governador de São Paulo [Geraldo Alckmin (PSDB)]", lembra. "Quando a minha sobrinha nasceu, o médico que fez o parto me disse: professora, fui seu aluno."
Aos 68 anos e sem planos de deixar a sala de aula, ela diz que os vestibulares e o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) mudaram muito nas últimas décadas e exigem que o aluno saiba o conteúdo, consiga interpretar o enunciado com clareza e seja capaz de apresentar soluções aos problemas que envolvem temas da atualidade. Aos professores, cabe ensinar o conteúdo, motivar os vestibulandos e ajudá-los naquilo que for necessário, afirma.
Na entrevista a seguir, ela se lembra das aulas que dava para as bonecas na infância, dos professores que a inspiraram e diz que o segredo para ter motivação depois de tantos anos de carreira é a relação que estabelece com os alunos "de amor, de carinho". 
UOL - Por que a senhora decidiu se tornar professora?
Vera Lucia Antunes - Desde menina eu sentava as minhas bonecas e dava aulas para elas. Sempre gostei e quis ser professora. Daí, quando eu já estava fazendo a escola normal, que hoje é o ensino médio, eu decidi que queria dar aula para crianças. Quando terminei a escola normal, pensei 'quero fazer faculdade'. Nessa época, dei aula para o supletivo, de alfabetização, mas quando entrei na faculdade [ela estudou na Universidade de São Paulo], eu já comecei a lecionar para o ensino médio. Daí, o Objetivo me convidou para escrever o material [didático], e já faz 46 anos que eu dou aula lá. Eu adoro o que eu faço, sou felicíssima como professora. 
Nesse período, por quais mudanças passaram o ensino médio e os vestibulares?
O ensino médio sofreu uma evolução à medida em que os vestibulares também mudaram. Antigamente, as questões eram muito mais simples, hoje elas exigem raciocínio do aluno, que ele saiba contextualizar o problema da atualidade, relacionar com o conhecimento dele. Não que as questões fossem fáceis antes, mas agora o vestibular não pode só ficar perguntando da matéria, é preciso que os alunos saibam relacionar os fatos. 
O Enem faz 18 anos em 2016. Ele também mudou muito nesse período?
O Enem começou em 1998 com aquela coisa de que o aluno tinha que ler um texto e saber interpretar, o que é muito importante, porque se o aluno não compreende uma questão de matemática, por exemplo, ele não consegue resolvê-la. Então, o Enem tinha essa preocupação com a compreensão do aluno, mas à medida em que os anos passaram, o Enem se aproximou dos vestibulares, era preciso ter conteúdo, dominar física, matemática, ter os conteúdos fundamentais. Não adianta só compreender, agora tem que ter conhecimento, tem que saber aplicar esse conhecimento que você aprendeu. Então, as universidades passaram a confiar no Enem, porque viram que ele realmente diferencia o aluno preparado. 
Como um professor percebe que um aluno está preparado para o Enem e as provas de vestibular? 
Na verdade, hoje a maioria dos vestibulares vai cobrar a compreensão de texto do aluno, que ele saiba aplicar o que aprendeu, e está na mesma linha do Enem. Então, hoje a maneira de estudar é muito semelhante. Os professores têm que perceber se o aluno está preparado, se tem dificuldade.
Cabe ao professor notar se ele tem um problema e ajudar a resolver, passar exercícios, tirar dúvidas. As pessoas que estão ligadas ao magistério sabem que têm esse papel, esse compromisso, e os alunos que têm um professor preocupado com o seu desempenho ficam mais motivados. Nesse sentido, o Enem conseguiu mostrar a todas as escolas que é necessário esse empenho, não dá para passar por passar, o aluno tem que aprender, e é importante mostrar para o aluno que ele é capaz.
Nessa reta final, como os professores, a escola e a família podem ajudar o vestibulando?
Você tem que falar: 'tenha calma', 'você já estudou'. Tem que ir devagar, relaxar um pouco, tirar as dúvidas, tentar solucionar alguma dificuldade. Os professores e a escola têm que mostrar que os alunos são capazes, aumentar a autoestima deles, que têm que ir com tranquilidade. É importante que a família confie no filho, não cobre demais, ele já está se sentindo cobrado pela própria situação. 
Quais professores serviram de inspiração para a senhora?
Eu lembro de muita gente, a professora dona Ofélia, a dona Dulcília, a dona Guimar, o professor Negrão, e da faculdade tem o professor Aziz Ab'Saber, com quem fiz pesquisa de campo, e muitos outros. Eu acho que todos me ensinaram a ter um amor pelos alunos, nunca ter preguiça de atender um aluno, o compromisso com a aprendizagem, que tem que se atualizar, evoluir. Aprendi muito com esses mestres.



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Diploma inútil? Por que tantas pessoas não conseguem trabalho em suas áreas




Enquanto você lê esta reportagem, milhares de jovens pelo Brasil se preparam para o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), prova que pode garantir a entrada deles na universidade. Os estudantes apostam na graduação no ensino superior para começar uma carreira. No entanto, muitos dos que pegam o diploma hoje não conseguem exercer sua profissão.
A culpa não é só da crise econômica, que levou o desemprego a 11,8% no terceiro trimestre deste ano, segundo o IBGE, mas do perfil dos recém-formados. Eles se concentram em poucos cursos e, quando buscam uma vaga, percebem que não há tanto espaço para as mesmas funções.
Essa análise foi feita pelo professor de economia da USP Hélio Zylberstajn, a partir de um cruzamento de dados do Censo do Ensino Superior e da Rais (Relação Anual de Informações Sociais), do Ministério do Trabalho.
Os números de 2014, os mais recentes disponíveis, mostram que 80% dos formandos estudavam em seis ramos: comércio e administração; formação de professor e ciências da educação; saúde; direito; engenharia e computação. Ao olhar o que faziam os trabalhadores com ensino superior, o professor notou que os cargos não existiam na mesma proporção dos diplomas.
Um bom exemplo é o setor de administração que, em 2014, correspondia a 30% dos concluintes. Apesar da fatia expressiva, apenas 4,9% dos trabalhadores com graduação eram administradores de empresa. Outros 9,4% eram assistentes ou auxiliares administrativos, função que nem sempre exige faculdade.
"As pessoas fazem esses cursos, mas evidentemente não há demanda para tantos advogados ou administradores. Elas acabam sendo são subutilizadas", diz Zylberstajn.
O professor também diz que o número total de graduados seria superior ao que o mercado brasileiro pode suportar. De acordo com o Censo do Ensino Superior, em 2014, um milhão de pessoas saíram das salas de aula. Em 2004, eram 630 mil.

Mais gente no ensino superior

Mas o que levou esse número a crescer tanto?
A multiplicação das instituições privadas, ao lado da maior oferta das bolsas do Prouni e do Fies (Fundo de Financiamento Estudantil), facilitaram o acesso dos brasileiros à graduação. De 2000 a 2014, a quantidade de instituições dessa natureza cresceu 15%. Outro fator, dizem os entrevistados, é cultural: no país, a beca é sinônimo de status.
"A gente despreza o técnico e supervaloriza o superior. É uma tradição ibérica. Como por muito tempo foi uma coisa da elite, passou a ser considerado um meio de ascender socialmente", afirma Zylberstajn.
Para a professora Elisabete Adami, da Administração da PUC-SP, esse objetivo está ligado à ideia de que o diploma basta para ganhar mais.
Ela diz que deu aulas em faculdades privadas de São Paulo e notava o desejo de seus alunos de melhorar de vida.
"Na sala, tinha três que eram carteiros, muitos motoboys, o pessoal que trabalhava em lojas. O que eles queriam ali? Subir."
Rodolfo Garrido pensava nisso quando largou o ensino técnico para entrar em uma faculdade privada. Ele ganhava R$ 2.600 como programador de produção em uma metalúrgica. Como engenheiro, diz, seu salário poderia subir para R$ 4.000.
Com a oportunidade do financiamento estudantil, decidiu apostar.
"Já trabalhava na área, então só juntei os estudos. Para poder me graduar e ter um salário melhor, poderia ganhar o dobro. Quando surgiu o incentivo do governo, comecei a pesquisar, porque antes era uma bolada."
Depois de três semestres, teve que deixar as aulas porque ficou desempregado.
Segundo a diretora do Escritório de Desenvolvimento de Carreiras da USP, Tania Casado, a crença de Rodolfo é endossada por pesquisas que indicam salários maiores para empregos de nível superior. Mas faz uma ressalva: os estudos são feitos com quem já está trabalhando nesses cargos.
"Os dados são verdadeiros, só que é preciso lê-los corretamente. O fato de você fazer uma faculdade não significa que vai para um vaga desse tipo."
Os motivos pelos quais Rodolfo escolheu engenharia também ajudam a explicar a concentração dos estudantes em seis áreas, que incluem saúde, direito e computação. São profissões tradicionais, teoricamente mais estáveis e bem pagas. Além disso, são as mais oferecidas pelas instituições privadas, responsáveis por 87,4% da educação superior no país.
"As pessoas vão para faculdades pagas, que têm cursos de menor custo, como direito e administração", diz o professor Hélio Zylberstajn.
Eles são mais baratos porque não usam outros equipamentos a não ser a sala de aula. Cursos de química, por exemplo, exigem laboratórios e substâncias controladas.
Outro fator para decisões tão parecidas seria a pouca idade com que os brasileiros escolhem uma profissão.
"É uma meninada de 17, 18 anos, que faz Administração porque o pai fez, ou porque acha legal ser CEO", diz a professora Elisabete Adami, da PUC-SP.

Aceitar o que tiver

Com tantos professores, administradores e advogados no mercado, muita gente tem dificuldade de conseguir um bom cargo na sua área. Às vezes o jeito é aceitar vagas que pedem apenas ensino médio.
Quando Evelyn Maranhão se formou, em 2011, pensava que seria administradora de empresas. Cinco anos e muitas negativas depois, trabalha como assistente administrativa. Ela registra pedidos e lança horas-extras no sistema de uma empresa de manutenção predial.
"Achei que ia lidar com estatística, relatório, análises, e, na verdade, faço o que uma secretária faria. Imaginava que estaria na tomada de decisões."
Há quem nem consiga exercer sua profissão.
Antes de cursar enfermagem, Vivian Oliveira trabalhava com eventos. Mesmo depois da formatura, continua organizando congressos, feiras e festas. Nesse meio tempo, diz, mandou incontáveis currículos, mas não foi chamada para entrevistas. Só foi contratada por uma clínica, onde ficou um ano.
"Até há vagas, mas como não tenho muita experiência, eles não chamam."
Para a enfermeira, o fato de não ter estudado em uma universidade conceituada prejudicou sua trajetória "Se surgir uma posição no (hospital Albert) Einstein, vai entrar alguém de faculdade renomada. Vi que meus colegas buscam fazer pós em lugares reconhecidos, porque colocam esse nome no currículo."

Faculdade renomada

A falta de experiência e a formação em instituições pouco prestigiadas são os principais empecilhos que os formandos enfrentam nos processos de seleção, diz Luciane Prazeres, coordenadora de Recursos Humanos da agência de empregos Luandre.
Prazeres relata que muitos profissionais chegam no mercado sem ter feito estágio, porque precisavam trabalhar para pagar os estudos.
"A maioria são recepcionistas, operadores de call center que buscam o oposto do que estão fazendo. Mas, se ele não sai do mercado para fazer estágio, é difícil conseguir uma oportunidade."
Segundo ela, é comum que, ao abrir um posto, as empresas peçam candidatos formados em determinada universidade.
Professora na PUC-SP, Elisabete Adami diz notar essa diferença ao ver que seus alunos saem empregados do curso.
"Pega estudantes da PUC, da FGV, do Insper, da USP...eles não estão sem trabalho. O pessoal de faculdades de segundo linha não encontra espaço e vai ter que fazer uma pós para complementar a formação."
Para Adami, houve uma proliferação de escolas com menos qualidade, que entregariam profissionais deficientes.
"Esses conglomerados pagam, em média, R$ 17 a hora-aula. Que tipo de professor você vai ter?"
No entanto, pondera, a estrutura ruim não é sempre sinônimo de profissionais mal-preparados. Só que, nesses ambientes, eles são mais frequentes do que em instituições de ponta.
"Sai gente boa, mas por conta própria, porque são esforçados."
Entre uma graduação ruim e uma boa formação técnica, diz Adami, ela aposta na segunda.
"Essa mania de ser o primeiro da família de se formar é uma ilusão, mas é forte no Brasil. É algo secular. Na França e na Alemanha, você não tem esse percentual de jovens na universidade."

Ensino técnico

O ensino técnico é citado pelos entrevistados como uma opção interessante profissionalmente.
Hélio Zylberstajn, da USP, diz que o ensino é negligenciado e faz falta para o país. O professor sugere que disciplinas ligadas ao ensino técnico sejam incluídas na grade curricular do ensino médio, e não em institutos específicos, como acontece hoje.
"Estamos carentes de técnicos. No ensino médio, deveríamos formar mão de obra em cooperação com as empresas."
Esse tipo de formação é uma possibilidade que precisa ser analisada antes da decisão definitiva pelo ensino superior, diz Tania Casado, do Escritório de Desenvolvimento de Carreiras da USP.
"É preciso olhar para o lado e ver que há muitas posições não preenchidas, porque as pessoas não têm estudo específico. Os jovens precisam saber disso ao se lançarem em um curso."
Se a escolha for pelo ensino superior, no entanto, Casado diz que o estudante não deve conhecer apenas a profissão, mas as ocupações que ela abrange. Um graduado em Medicina, por exemplo, não precisa ser um médico e pode tornar-se um gestor de plano de saúde.
Além de analisar o mercado, aconselha a diretora, o candidato deve olhar para si e escolher algo com o que se identifique. Se depois quiser mudar de área, a transição não precisa ser dolorosa. Nem sempre uma nova faculdade é necessária, afirma. Às vezes uma especialização ou cursos livres são suficientes.
"Carreira é isto: olhar o entorno e se olhar, o tempo inteiro. E saber que à medida que você vai evoluindo, pode haver outros interesses, o que é bom. Mas é preciso se preparar para esses interesses, o que não necessariamente passa por uma graduação."



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1 ano depois de Mariana, ONU diz que ações são 'insuficientes'



  • Estamos preocupados com relatos de que o rio Doce ainda está contaminado, diz ONU
    Estamos preocupados com relatos de que o rio Doce ainda está contaminado, diz ONU
Peritos da Organização das Nações Unidas (ONU) lançaram um apelo para que as autoridades brasileiras tomem "medidas imediatas para solucionar os impactos ainda persistentes do colapso letal de uma barragem de rejeitos de mineração no Brasil, ocorrido no dia 5 de novembro de 2015".
Segundo a entidade, diversos danos ainda não foram tratados e nem solucionados, entre eles o "acesso seguro à água para consumo humano, a poluição dos rios, a incerteza sobre o destino das comunidades forçadas a deixar suas casas". Na avaliação do grupo, a resposta do governo e das empresas implicadas tem sido "insuficiente".
"Na véspera do primeiro aniversário do colapso catastrófico da barragem, de propriedade da Samarco, instamos o governo brasileiro e as empresas envolvidas a dar resposta imediata aos numerosos impactos que persistem, em decorrência desse desastre", afirma o grupo formado pelos peritos Dainius Püras, Michel Forst, Victoria Tauli-Corpuz, o brasileiro Léo Heller e outros.
Segundo eles, "as medidas que esses atores vêm desenvolvendo são simplesmente insuficientes para lidar com as massivas dimensões dos custos humanos e ambientais decorrentes desse colapso, que tem sido caracterizado como o pior desastre socioambiental da história do país".

PESCADORES AINDA SOFREM COM CONTAMINAÇÃO

"Após um ano, muitas das 6 milhões de pessoas afetadas continuam sofrendo", alertam. "Acreditamos que seus direitos humanos não estejam sendo protegidos em vários sentidos, incluindo os impactos nas comunidades indígenas e tradicionais, problemas de saúde nas comunidades ribeirinhas, o risco de subsequentes contaminações dos cursos de água ainda não recuperados, o avanço lento dos reassentamentos e da remediação legal para toda a população deslocada, e relatos de que defensores dos direitos humanos estejam sendo perseguidos por ação penal."
Entre as medidas, os peritos querem que o Estado brasileiro forneça "evidências conclusivas sobre a segurança da qualidade da água dos rios e de todas as fontes utilizadas para consumo humano e que estas atendam aos padrões legais aplicáveis".
"Estamos preocupados com relatos sugerindo que alguns dos cursos de água nos 700 quilômetros afetados, sobretudo do vital rio Doce, ainda estejam contaminados pelo desastre inicial. Especialmente, de que níveis de alguns metais pesados e de turbidez ainda estariam violando os limites permissíveis", indicam.
"Receamos que o impacto sobre as comunidades ribeirinhas seja resultado não apenas da contaminação da água, mas também da poeira resultante do ressecamento da lama."
A ONU também exige uma resposta das empresas envolvidas. "Destacamos ainda as conclusões do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), indicando que os esforços das empresas envolvidas - Samarco, Vale e BHP Billiton - para deter os contínuos vazamentos de lama da barragem de Fundão, no Estado de Minas Gerais, estejam sendo insuficientes", dizem.
"Receamos que mais rejeitos possam atingir as regiões de jusante quando a temporada chuvosa iniciar, daqui a algumas semanas", alertam.

Comunidades

Para os peritos, outra solução urgente deve ser o do destino das comunidades afetadas. "Estamos preocupados também com o destino das comunidades que foram forçadas a abandonar suas casas devido ao desastre", dizem.
"Após um ano, o processo de reassentamento está longe de concluído. Devem ser tomadas medidas de restituição e reassentamento que incluam a reinstalação de povos indígenas e comunidades locais deslocados para terras, territórios e recursos de igual qualidade, tamanho e estatuto jurídico às terras de onde foram forçados em decorrência do desastre."
Mais uma vez, a responsabilidade é tanto do governo como das empresas. "Elas precisam acelerar o processo de reassentamento e assegurar que esteja em consonância com o marco internacional dos direitos humanos", apontam.
A ONU também se diz preocupada com o impacto de um acórdão entre o governo e as empresas. "Reiteramos a nossa grave preocupação com os efeitos adversos que alguns dos termos do acórdão podem provocar no direito das populações de acesso à justiça", dizem.



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Após consumo, a maconha fica no cabelo, nas unhas e até no tártaro do dente




Você sabia que seu cabelo pode contar se você consumiu maconha nos últimos meses? Pois é, se o fio for comprido o suficiente dá para descobrir até se você fumou a droga no ano passado.
Raspou o cabelo? Sem problemas, as unhas, pelos e até o tártaro no seu dente guardam indícios que podem confirmar o uso. A droga sai do organismo com o tempo, mas alguns resquícios ficam no corpo e exames podem encontrá-los.
"Fatores como a quantidade, o grau de pureza e o teor ativo da droga influenciam os exames, tanto quanto o peso, a gordura e as atividades hepática e renal, que aceleram a eliminação. Mas sempre há como saber se houve uso ou não", afirma Fábio Alonso, farmacêutico toxicologista e diretor do laboratório Contraprova, no Rio de Janeiro.
Os testes buscam pelo THC, princípio ativo da maconha, e pelo THC-COOH, que é o composto metabolizado, que prova que a substância foi realmente ingerida, passou pelo fígado e se transformou. Isso evita que alguém que esteve em uma festa onde pessoas fumaram maconha, mas não fez uso, seja erroneamente apontada como usuário.

Abra a boca, por favor

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Com a saliva é possível detectar se houve uso de maconha nas últimas horas e no máximo no dia anterior. "O teste é usado quando precisamos saber se naquele instante a pessoa está influenciada pela droga", explica Maristela Andraus, diretora do ChromaTox laboratórios, em São Paulo.
O exame é confiável e lembra um teste de gravidez: uma fita é molhada na saliva e, dependendo da cor que aparece,  é possível saber se houve consumo ou não. "Depois desta triagem, confirmamos o resultado no laboratório com equipamentos mais potentes", diz Andraus.
O teste é aplicado em momentos decisivos, como após um acidente de carro ou antes de um piloto que parece drogado pilotar um avião. E não adianta escovar os dentes ou passar enxaguante bucal, a substância psicoativa continuará na saliva.

Se exercitou? O suor vira prova

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O suor também contém substâncias que entregam o uso de maconha. "O teste determina o uso em curtíssimo prazo, se for feito em até 12 horas depois", afirma Alonso. Ele explica que o exame tem pouca aplicabilidade, já que o suor é difícil de coletar e que no Brasil ainda não existem laboratórios que analisem essa matriz.

A droga aparece no xixi

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Andraus diz que na urina é possível detectar o consumo até três dias depois do consumo, em média. O exame é bastante eficaz e preciso e é bem avaliado pelos laboratórios por ser um método não invasivo que garante uma grande quantidade de amostrar e que pode ser congelado e conservado.

Obviamente, também está no sangue

Getty Images/iStockphoto/jarun011
O exame de sangue detecta a maconha na janela de até 15 dias, segundo Alonso. O exame é confiável e pode ser requisitado depois de um teste rápido, como o de saliva.
O farmacêutico afirma que o THC, princípio ativo da maconha, tem afinidade pelo tecido adiposo e a gordura vira um "depósito". Com o tempo, o THC se desprende e é liberado na corrente sanguínea. "É muito comum quando testamos pacientes em reabilitação que a pessoa dê positivo por até 20 dias, mesmo sem ter usado recentemente. É o corpo eliminando a substância", diz Alonso.

O cabelo é uma linha do tempo

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Quando a maconha entra no seu corpo ela fica na corrente sanguínea e ao passar pela raiz do cabelo deixa ali depositado o THC. Conforme o fio cresce, ele leva consigo pedacinhos da substância. "Depois de uns cinco dias de ter fumado, a maconha começa a aparecer no cabelo. Avaliamos que cada um centímetro do fio equivale a um mês de vida e conseguimos saber como foi consumo no período", diz Andraus.
O último mês é o mais próximo do couro cabeludo e se o cabelo for longo é possível analisar anos. Quanto maior a concentração de THC, mais constante era o uso. Passar shampoo não muda nada, pois as substâncias estão dentro do cabelo e não na superfície. "O que pode afetar, mas não é certo, é clarear o cabelo, pois o procedimento mexe na estrutura do cabelo".
Se o cabelo tiver menos de um centímetro ou se tiver passado a máquina zero, os laboratórios testam em pelos, que funcionam da mesma forma.

Unhas? Dente? Tártaro?

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Já deu para perceber que ao fumar maconha a substância não deixa o corpo tão fácil assim, mas não paramos por ai. As unhas também armazenam o THC, já que são tecidos queratinizados como os cabelos. Se a pessoa não cortar as unhas, como o Zé do Caixão, todo o histórico de uso de maconha pode ser descoberto na unha.
"Existem muitos métodos novos sendo estudados. Confirmar o uso pelo dente ainda é novidade. Mas fui em um congresso recentemente onde provavam o uso de maconha ao analisar o tártaro, uma vez que ele fica embebido na saliva e fica impregnando pelo THC", diz Andraus. 







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